Ao sair do Hospital do Subúrbio, na manhã de ontem, depois de cinco dias sem olhar a rua, a sensação da cozinheira Almerinda Santos das Neves, 34, foi de um incômodo estranho. E, a partir de agora, por um bom tempo, ver pessoas e objetos e será assim: estranho. Almerinda perdeu a visão do olho esquerdo ao ser agredida por um policial, na noite do último dia 22, durante a 31ª edição do Festival de Música e Artes do Olodum (Femadum), no Largo do Pelourinho.Na recepção do hospital, com algumas gotas de sangue escorrendo pelo rosto, ela ainda está perplexa. Enquanto dançava na festa de domingo, foi surpreendida, por volta das 19h30, pelo golpe de cassetete de um dos três policiais que, segundo ela, começaram a bater em pessoas que estavam próximas, sem nenhum motivo aparente.“Eles já tinham dado choque em um vizinho nosso, dizendo que ele estava bagunçando. Mas ele não tava fazendo nada! Levaram e 15 minutos depois trouxeram de volta. Aí uns 40 minutos depois, começaram a bater nas pessoas.Vi o policial vindo com o cassetete, senti o golpe, mas nem entendi o que estava acontecendo”, diz, garantindo que não havia nenhuma confusão no momento da ação policial. Achando que só machucou a testa, perdeu os sentidos. Só acordou no hospital.Os amigos e parentes que assistiram ao ato, no entanto, sabem o que aconteceu após Almerinda ir ao chão. “Abriu uma roda na multidão e ela caiu no meio. Viram o policial, quando percebeu o estado dela, botar a mão na cabeça, como quem diz: ‘Meu Deus, o que eu fiz?’”, conta a sua irmã, Rosilda das Neves, que estava a poucos metros da cena. Correio24
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